BELÉM (PA) – Um ferramenta inovadora que emprega algoritmos de inteligência artificial para identificar espécies florestais com base em características botânicas, reduzindo assim custos de produção e promovendo um manejo mais sustentável das florestas na Amazônia. Essa é a função do NetFlora, equipamento lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Acre para mapear até 1 mil hectares por dia, eliminando a necessidade de equipes de campo extensas e reduzindo custos.
Árvores comerciais como cumaru-ferro e cedro são reconhecidas com precisão de 95% a 99%, mas essa ferramenta não é exclusiva para a utilização do manejo florestal. Além de espécies madeireiras, o algoritmo também reconhece recursos não madeireiros, como castanheira e açaí, facilitando o manejo desses recursos naturais.
De acordo com Bruno Pena Carvalho, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa do Acre, a ferramenta fará o mapeamento das espécies com o auxílio de drones e isso vai auxiliar nos inventários florestais, de forma precisa e eficiente, principalmente na redução de custo e na redução do tempo para a realização do inventário florestal.
“Atualmente, para fazer esse manejo você precisa, primeiramente, identificar as espécies locais, quantificá-las e fazer o georreferenciamento. Isso é feito de forma in loco, onde equipes de manejo vão até a floresta, percorrem toda essa floresta e a medida que as árvores de interesse vão sendo identificadas, com o uso do GPS manual, você vai fazendo o georreferenciamento dessas árvores“, detalha ele sobre o método antigo, explicando o que mudou.
“O que o NetFlora faz é isso, só que usando uma imagem aérea da floresta. Então, essa imagem é obtida por meio de drones. Pegamos essas imagens, colocamos no computador e o nosso algoritmo processa essa imagem e, automaticamente, ele identifica as espécies de interesse“, acrescenta.
Inteligência artificial
Desde 2015, a Embrapa desenvolve pesquisas para aplicação de inteligência artificial no setor florestal. A ferramenta será oficialmente nesta quinta-feira, 25, no aniversário da empresa, mas já há grande expectativa pela facilitação do mapeamento florestal que irá oportunizar.
Inicialmente, a NetFlora é uma metodologia validada apenas para os Estados do Acre e Rondônia, mas o pesquisador chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental no Pará, Walkymário Lemos, recebeu a notícia da ferramenta com entusiasmo.
“Os impactos positivos dessa tecnologia são múltiplos, primeiro agilidade no levantamento de espécies. Essa tecnologia oferece maior agilidade, ganho de tempo na obtenção de informações, acurácia, precisão nas informações, uma vez que o algoritmo consegue trabalhar com precisões grandes e uma outra marca diz respeito à amplitude de cobertura em um menor tempo. […] então é uma ferramenta que tem o potencial de não apenas qualificar a informação capturada, mas também de ofertar maior quantidade de dados em uma série de tempo menor” concluiu.
Fonte: Agência Cenarium