Blog

Bairros, empreendimentos e cidades inteligentes

Sob a ótica do desenvolvimento econômico, essa nova concepção de cidade apresenta tanto oportunidades quanto desafios significativos que merecem atenção

O termo “smart cities” ou “cidades inteligentes” surgiu na década de 1990 com a proposta de implementar novas tecnologias na infraestrutura urbana e com o objetivo de facilitar a vida da população por meio de soluções integradas. Com o passar dos anos, esse conceito ganhou novas definições no cenário global, seja na busca por soluções sustentáveis ou no impulsionamento da inovação para atender as demandas sociais. Sob a ótica do desenvolvimento econômico, essa nova concepção de cidade apresenta tanto oportunidades quanto desafios significativos que merecem atenção.

O principal desses desafios é sair da visão simplista restrita à tecnologia e toda a sua gama de benefícios para mergulhar em um planejamento cuidadoso com foco na qualidade de vida dos cidadãos. Obviamente, não podemos falar de cidades inteligentes e ignorar a integração de tecnologias avançadas, como internet das coisas, governança algorítmica e inteligência artificial, que permitem otimizar a gestão de recursos, melhorar a eficiência dos serviços públicos e facilitar a tomada de decisões com base em dados mais precisos. No entanto, a questão aqui é planejar uma modelagem de política pública olhando para quatro pilares integrados que impactam diretamente na vida das pessoas: moradia, trabalho, educação e lazer, com a inclusão e participação cidadã na governança urbana. A partir disso, aí sim, começamos a trazer junto a tecnologia aplicada.

Para se ter uma ideia, de acordo com o último Censo (2022), as concentrações urbanas abrigavam 124,1 milhões de pessoas no país, o que corresponde a 61% do total. Em São Paulo, apenas 87 cidades apresentam grau de urbanização inferior a 75%, segundo dados do Seade, ou seja, há uma forte demanda de soluções inteligentes para estes centros urbanos, independentemente do porte dos municípios, muitos com características que se enquadram no plano de smart cities.

Diante desse desafio, o Governo do Estado de São Paulo delegou à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), juntamente às suas instituições vinculadas, Desenvolve SP e Invest SP, a responsabilidade de executar um plano para cidades inteligentes, não da forma já experimentada, mas, sim, inovando ao dividir a iniciativa em três linhas, com foco nas cidades, bairros e empreendimentos inteligentes, tendo a moradia como ponto de partida.

Para tirar a ideia do papel, foi feita uma análise do mercado brasileiro nas cidades que avançaram neste tema e, recentemente, uma missão em países asiáticos para entender o que há de melhor em termos de tecnologias, projetos e oportunidades. O próximo passo é voltar ao mercado para dialogar com setor produtivo, setor privado, incorporadores que tenham interesse nesses empreendimentos, e com as prefeituras. Esse ecossistema de inovação pode fomentar a criação de empregos qualificados e o surgimento de novos serviços, gerando renda e desenvolvimento regional.

Como sempre destaca o governador Tarcísio de Freitas, o Estado de São Paulo é a bola da vez na captação de recursos privados – tanto que já foram mais de R$ 300 bilhões para o período de 2023 a 2026 – o que pode contribuir para a estruturação de novos projetos.

A Desenvolve SP vai participar da iniciativa financiando os projetos de empresas e municípios paulistas levando crédito para implementar soluções inteligentes, enquanto a Investe SP, vai atuar na articulação com as empresas, catalogar quais modelos de negócios poderão ser replicados junto aos empreendimentos. Com a iniciativa, será possível desenhar, também, em parceria com as empresas de tecnologia interessadas em se instalar em São Paulo, novas formas de investimento e oferta de serviços.

Imagine um empreendimento, um bairro ou uma cidade onde as tecnologias fossem todas integradas, com agilidade e previsibilidade nos deslocamentos, com mais segurança e ainda de forma sustentável. É o que buscamos. Isso não gera apenas economia de tempo ao cidadão, mas principalmente qualidade de vida, ao possibilitar viver esse tempo com mais qualidade.

Fonte: Exame

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *